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Crítica

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Ayrton Baptista Júnior

DELÍRIO EM TERRA QUENTE: DELICIOSA CIRANDA DE PROTESTOS
publicada no site www.wapanda.com.br

Delírio em Terra Quente começa e termina com cortejo fúnebre. Achou triste? Aviso que não é. Neste espetáculo, a Cia. Mineira de Teatro apronta uma colorida ciranda que aborda ditaduras latino-americanas, sexualidade, questionamentos sobre ascensão social e ao modelo made in USA. Achou muito sério? Aviso também que muito se protesta, mas não é um formal teatro político. É uma peça inquietante (sim!) e deliciosamente delirante.

Entre o primeiro e o último funeral, o texto não linear oferece a insatisfação dos empregados, o garçom sem dinheiro para a prostituta, a agonia da dona de casa diante da bagunça dos filhos, e anuncia novas mortes, de poderosos e de contestadores.

O público vê a peça sentado em confortáveis sofás ao redor do palco. A luz nunca intensa e vestes que mais parecem trapos emprestam um adorável sabor de trupe aos atores, que acentuam as tantas transformações com objetos de dupla função: a cama do bordel vira carroça; a mesa de reunião passa a ser a porta da família; a escada de segundos atrás agora é navio. Intocável é apenas a velha poltrona, que funciona como um trono da morte.

O jovem elenco da Cia. Mineira é de alunos do premiado grupo Espanca! (celebrado desde Por Elise, que estreou em 2005), que assina a direção e informa que textos de Júlio Cortazar e Gabriel Garcia Márquez são algumas das fontes de inspiração Mas Delírio em Terra Quente vai muito além! A salada inclui Getúlio Vargas, Superman, Che Guevara e Disneylandia e eu a devoro como se saboreasse um misto de dois grandes filmes: Terra em Transe, de Glauber Rocha, e Amarcord, de Federico Fellini.


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